“Que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco...” (Rm 16,20)
Esta saudação de São Paulo aos Romanos (que se repete em 1Cor 16,23, 2Cor 13,13, etc.) nos leva a uma reflexão sobre algumas questões fundamentais da nossa fé católica e principalmente da nossa caminhada cristã como por exemplo: o que é a Graça de Cristo? Quais os efeitos e as conseqüências dessa Graça no homem? Para tais perguntas não tentarei respondê-las no intuito de conceituá-las e fechá-las a debate, mas de principiar uma discussão reflexiva do assunto.
No Catecismo da Igreja Católica (C.E.C.) a Graça “é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tornar-nos filhos de Deus, filhos adotivos, participantes da natureza divina, da vida eterna.”1. Para Luis F. Ladaria a Graça “é a benevolência de Deus para com o homem manifestada em sua presença”2 que é o próprio Jesus Cristo, pelo Espírito Santo. Pela Graça o homem eleva “a expressão máxima da dignidade humana que é a vocação à comunhão com Deus”3 e só neste ato de unidade plena é que o mistério da encarnação, da morte e ressurreição de Jesus Cristo é revelado, pois, nesta dinâmica do amor divino, como diz no Concílio Vaticano II, “o homem é revelado ao próprio homem”4 e assim se abre (no sentido de ter consciência) para a Graça. Porque “se abrir” no sentido de “ter consciência”? Porque Deus sempre estará conosco e em nós, mesmos se estivermos fechados a Ele. Para que as bênçãos aconteçam em nossa vida é preciso se abrir, quer dizer, ter consciência dessa presença trinitária em nós.
Esta sobriedade de Deus se chama Fé, que é a capacidade do homem de acreditar em Deus, e é importantíssima para o segundo passo de nossa reflexão que são os efeitos e as conseqüências da Graça: a justificação, a filiação divina e a transformação do homem interior.
O principado da Graça é a justificação do pecador. O C.E.C. nos fala que a Graça “Tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo e pelo batismo.”5. Para Luis F. Ladaria a justificação é a justiça de Deus que liberta o inocente: “Ela é a postura de fidelidade de Deus à sua aliança com Israel, que o leva a salvar o povo eleito, a libertá-los dos inimigos, etc.”6. Para Sto. Agostinho “a justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra, pois, os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre.”7. Após a justificação, o homem pode verdadeiramente se unir a Deus. Esta filiação, que se dá pelo Espírito Santo, segundo Ladaria, “é o centro e o fundamento da existência do crente e a máxima plenitude a que o homem possa aspirar.”8. Jesus Cristo mantém uma relação única e irrepetível com o Pai e estar filiado a Deus, quer dizer “conformado em Cristo”, é “participar desta relação única e irrepetível (que nunca se repete, que sempre é nova) que Jesus tem com o Pai.”9.
A justificação e a filiação, conseqüências da Graça, nos leva a plenitude do nosso ser nos transformando a cada dia, a cada ação, a cada reflexão, a cada gesto, até o fim de nossas vidas. É nesse processo que o homem passa do estado de injusto para justo, de inimigo para amigo e se santifica renovando o seu interior.10 E porque a verdade de Cristo, que é este amor de Deus por cada um de nós, transforma o mundo? Porque um homem transformado pode, com o seu testemunho, transformar sua família; uma família transformada pode transformar uma sociedade; uma sociedade transformada em Cristo por essa dinâmica do amor, fará o Reino de Deus plenificar na terra e a paz e a justiça, tão desejada por todos os homens, reinar definitivamente.
Que nesta quaresma, tempo de reflexão da vida pela prática da oração, penitência e caridade, o espírito fraterno possa reinar em nosso meio e a Graça de Deus nos conduzir à santificação e conseqüentemente à participação da vida divina, que é a unidade plena com a trindade. Que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco. Amém.
Esta saudação de São Paulo aos Romanos (que se repete em 1Cor 16,23, 2Cor 13,13, etc.) nos leva a uma reflexão sobre algumas questões fundamentais da nossa fé católica e principalmente da nossa caminhada cristã como por exemplo: o que é a Graça de Cristo? Quais os efeitos e as conseqüências dessa Graça no homem? Para tais perguntas não tentarei respondê-las no intuito de conceituá-las e fechá-las a debate, mas de principiar uma discussão reflexiva do assunto.
No Catecismo da Igreja Católica (C.E.C.) a Graça “é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tornar-nos filhos de Deus, filhos adotivos, participantes da natureza divina, da vida eterna.”1. Para Luis F. Ladaria a Graça “é a benevolência de Deus para com o homem manifestada em sua presença”2 que é o próprio Jesus Cristo, pelo Espírito Santo. Pela Graça o homem eleva “a expressão máxima da dignidade humana que é a vocação à comunhão com Deus”3 e só neste ato de unidade plena é que o mistério da encarnação, da morte e ressurreição de Jesus Cristo é revelado, pois, nesta dinâmica do amor divino, como diz no Concílio Vaticano II, “o homem é revelado ao próprio homem”4 e assim se abre (no sentido de ter consciência) para a Graça. Porque “se abrir” no sentido de “ter consciência”? Porque Deus sempre estará conosco e em nós, mesmos se estivermos fechados a Ele. Para que as bênçãos aconteçam em nossa vida é preciso se abrir, quer dizer, ter consciência dessa presença trinitária em nós.
Esta sobriedade de Deus se chama Fé, que é a capacidade do homem de acreditar em Deus, e é importantíssima para o segundo passo de nossa reflexão que são os efeitos e as conseqüências da Graça: a justificação, a filiação divina e a transformação do homem interior.
O principado da Graça é a justificação do pecador. O C.E.C. nos fala que a Graça “Tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo e pelo batismo.”5. Para Luis F. Ladaria a justificação é a justiça de Deus que liberta o inocente: “Ela é a postura de fidelidade de Deus à sua aliança com Israel, que o leva a salvar o povo eleito, a libertá-los dos inimigos, etc.”6. Para Sto. Agostinho “a justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra, pois, os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre.”7. Após a justificação, o homem pode verdadeiramente se unir a Deus. Esta filiação, que se dá pelo Espírito Santo, segundo Ladaria, “é o centro e o fundamento da existência do crente e a máxima plenitude a que o homem possa aspirar.”8. Jesus Cristo mantém uma relação única e irrepetível com o Pai e estar filiado a Deus, quer dizer “conformado em Cristo”, é “participar desta relação única e irrepetível (que nunca se repete, que sempre é nova) que Jesus tem com o Pai.”9.
A justificação e a filiação, conseqüências da Graça, nos leva a plenitude do nosso ser nos transformando a cada dia, a cada ação, a cada reflexão, a cada gesto, até o fim de nossas vidas. É nesse processo que o homem passa do estado de injusto para justo, de inimigo para amigo e se santifica renovando o seu interior.10 E porque a verdade de Cristo, que é este amor de Deus por cada um de nós, transforma o mundo? Porque um homem transformado pode, com o seu testemunho, transformar sua família; uma família transformada pode transformar uma sociedade; uma sociedade transformada em Cristo por essa dinâmica do amor, fará o Reino de Deus plenificar na terra e a paz e a justiça, tão desejada por todos os homens, reinar definitivamente.
Que nesta quaresma, tempo de reflexão da vida pela prática da oração, penitência e caridade, o espírito fraterno possa reinar em nosso meio e a Graça de Deus nos conduzir à santificação e conseqüentemente à participação da vida divina, que é a unidade plena com a trindade. Que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja conosco. Amém.
Nota de Rodapé:
1- C.E.C.,1996 - p.526; 2 – Luis F. Ladaria, Introdução à Antropologia Teológica, p. 104; 3 – Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 1373: n° 19 – p.482; 4 – Concílio Vaticano II, , Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 1385: n° 22 – p.485; 5 – C.E.C.,1987 – p.524; 6 – Luis F. Ladaria, Introdução à Antropologia Teológica, p. 108; 7 – Sto. Agostinho, In Ev. Jo.,72,3; 8 - Luis F. Ladaria, Introdução à Antropologia Teológica, p. 119; 9 - Luis F. Ladaria, Introdução à Antropologia Teológica, p. 122; 10 - Luis F. Ladaria, Introdução à Antropologia Teológica, p. 125.
Renato Barros
Fase do Discipulado
da Comunidade Obra de Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário