“O problema da transposição do Rio São Francisco, no Nordeste, tem muita semelhança com que está acontecendo no Pará, em relação à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O Governo federal simplesmente emite um decreto, de cima para baixo, e as coisas não são debatidas. As audiências públicas são apenas paliativos para dizerem que foram feitas, são pagos apenas 50 reais por hectare aos atingidos e assim, dessa forma, não há debate”, afirma o bispo de Floresta (PE), dom Adriano Ciocca Vasino, a respeito da transposição do Rio São Francisco, considerada uma das principais obras do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo federal, na coletiva de imprensa de hoje, 5.
O bispo afirma que é justamente o território de sua diocese, que saem os dois eixos da transposição. “O eixo norte do Rio São Francisco sai do município de Cabrobó e o eixo leste sai do município de Floresta. Há obras em todas as partes do rio, os impactos ambientais são gravíssimos e as indenizações aos pequenos não estão chegando. Para nós, que estamos acompanhando as comunidades, estamos vendo o sofrimento estampado no rosto do povo”.
Dom Adriano se diz entristecido por ver um patrimônio nacional sendo descaracterizado. “O que vemos é que as pessoas não são ouvidas e o rio está sendo modifico aos poucos. Para passar o canal tem um desmatamento de 200 metros de largura dos dois lados, com mais de 600 quilômetros de comprimento, ou seja, são dois rasgos enormes na biodiversidade local”.
O bispo fala ainda do diálogo com representantes do Governo. “No inicio das obras conversamos com representantes do Ministério da Integração Nacional, que nos recebeu com muita cortesia e com muita atenção. Num segundo momento, quando ele perceberam que conversávamos com representantes das comunidades atingidas e os pequenos proprietários e estávamos organizando essas pessoas, o Ministério cortou totalmente o nosso contato. Só estamos em busca de uma melhor situação para os atingidos”, destacou.
Fonte: CNBB
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